Cervejas artesanais têm produção cada vez maior no país, e restaurantes do Rio indicam pratos que melhor combinam com elas

Reportagem do O Globo:
Rafael Teixera


RIO - Elas podem ser "micro", mas estão com sede de gente grande. Desde 2005, quando foi criada a Associação dos Cervejeiros Artesanais Cariocas (ACervA Carioca), o mercado de microcervejarias só faz crescer no Brasil - os últimos índices têm sido de 20% ao ano. No domingo passado, o bom momento foi coroado com uma grande festa na quadra da Estácio de Sá, promovida pela ACervA, que reuniu mais de mil pessoas em busca dos sabores das microcervejarias. E os restaurantes, é claro, começam a abrir os olhos para essa tendência - que amplia a possibilidade de harmonizações com pratos.
A chef Roberta Sudbrack, por exemplo, criou no mês passado uma carta de cervejas especiais, com três brasileiras. Um dos destaques é a Lust Prestige (da Eisenbahn, de Blumenau, R$ 90), que ela sugere que acompanhe os lagostins em lâminas de chuchu e leite de amendoim (que pode aparecer nos menus-degustação: R$ 89, o almoço de sexta-feira; R$ 49, o jantar com couvert, entrada e prato, de terça, e R$ 89, o jantar, de quarta a sexta; R$ 165, o jantar com três pratos; e R$ 195, o jantar com cinco pratos).
- Combina porque essa cerveja tem toques maduros e amanteigados que se comunicam muito bem com amendoim. Além disso, as notas de tabaco entram em harmonia com o sabor levemente defumado das lâminas de chuchu - diz a chef.
No Aconchego Carioca, paraíso dos cervejeiros há tempos, dá para encontrar a Falke Triple Monasterium (R$ 70), de Ribeirão das Neves (MG), que Marco Falcone, dono da cervejaria, indica com o bolinho de aipim com camarão (R$ 24):
- O sabor adocicado do malte e os toques frutados da levedura da cerveja vão bem com o camarão. E o amido do aipim corta o alto teor alcoólico dela, de 9%.
Com cerca de 60 rótulos brasileiros, o Lapa Café também tem boas opções, como a combinação da Medieval, cerveja escura da mineira Backer (R$ 19), com um prato de inspiração alemã, com salsichas, batata röesti e repolho. No Herr Brauer, no Flamengo, o cervejeiro Fabiano Velho indica a Eisenbahn Kölsch (R$ 6,90), dourada e encorpada, com filezinhos empanados de peixe com batatas fritas e chutney de tomate (R$ 24,60).
- Ela vai muito bem com peixes delicados - diz.
Da delicadeza para a contundência, chega-se à Churrascaria Palace, onde as cervejas artesanais pularam do menu para ganhar lugar de destaque no carrinho dos coquetéis. A Baden Baden, cervejaria de Campos do Jordão, tem uma cerveja escura extremamente marcante, a Stout (R$ 18,90), que segura bem a potência da paleta de cordeiro do rodízio (R$ 47,90).
E, acredite, dá para combiná-las até com doce. Na L'Orangerie, em Laranjeiras, a sugestão é harmonizar a Colorado Demoiselle (R$ 16), uma escura de Ribeirão Preto, com torta musse de chocolate (R$ 4,80).
- Combinam-se os sabores do torrado e do doce, presentes no chocolate e na cerveja - diz a gerente Nedda Sobral.